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21 dezembro 2014

EMEL “oferece” estacionamento em Lisboa no Natal


Com vista a "apoiar o comércio local", a EMEL oferece o estacionamento na via pública no centro da cidade.
Para quê apanhar o metro quando se pode pegar no automóvel para ir às compras?
Era mesmo deste impulso ao comércio local que precisávamos. Obrigada.

Rua Garret em vésperas de Natal

19 dezembro 2014

Deixem-nos viver em Lisboa

A minha professora de yoga procura um espaço para dar aulas na zona da Baixa, Cais do Sodré, etc.

Apesar de ser uma zona da cidade com inúmeros espaços desocupados e ela ter um projecto válido, que oferece garantias, a tarefa tem sido extremamente difícil.

Espaços amplos, devolutos, alguns mesmo com painéis de azulejos e/ou frescos notáveis, não estão disponíveis para arrendamento.

A conversa é sempre a mesma: o proprietário parece não estar necessitado de dinheiro e prefere aguardar por qualquer coisa no futuro... afinal, o centro da cidade parece valorizar-se e sempre pode aparecer alguma ideia brilhante para o local... Ou sua, ou dos filhos ou de alguém que lhe queira comprar o prédio pelos valores milionários dos grandes negócios da Baixa.

O prejuízo coletivo devido a este cálculo particular sobre perspetivas de valorização, é difícil de quantificar, mas será qualquer coisa parecida com o incêndio do Chiado, mas multiplicado por todo aquele espaço devoluto (que é bem maior do que ardeu em 88) e por todas as décadas pelas quais este problema se arrasta.



É gigantesco e equivale a muitas tragédias juntas, com o "problema" de não ter o dramatismo de um incêndio ou de um tsunami, que talvez ajudasse a despertar a consciência dos cidadãos.

É gigantesco e prolonga-se no tempo porque temos elites (políticas e não só...) que para além de parecer não saberem fazer contas quando se trata do Bem Comum, sobretudo, consideram que o direito à propriedade é qualquer coisa de sacrossanto, ou é uma espécie de "principio básico", ou lei imutável, com que a cidade é obrigada a conviver.


Não pode ser assim.

No mínimo, para já, é preciso dizer: Com o direito à propriedade de um prédio na nossa Cidade - ainda para mais nas zonas mais nobres e emblemáticas - tem de vir acupulado o dever de não ter esse espaço devoluto, muitas vezes a degradar-se e a servir de abrigo a baratas e ratazanas.

Como forma de ressarssir os prejuizos inerentes aos devolutos e incentivar a colocação destes imóveis de volta à vida da Cidade, é necessário cobrar efectivamente impostos agravados sobre a propriedade devoluta.

É também importante alterar a Lei das expropriações, simplificando e agilizando procedimentos, bem como, em ultima análise, no estado em que continuam vastas àreas do centro da cidade, encarar a ocupação e revitalização de edifícios devolutos - nomeadamente usando-os para a habitação -  como um serviço público à Cidade.

01 dezembro 2014

Uma 2ª Geração de medidas para acabar com o marasmo

Duas das propostas às quais foram atribuídas verbas no âmbito do processo do Orçamento Participativo deste ano, foram da autoria de Rosa Félix, co-autra deste blog adormecido no éter da WWW.

São 2 propostas que se complementam.
Criar ligações cicláveis entre o eixo Av. Almirante Reis/Av. Guerra Junqueiro/Av. Roma e o eixo Av. da República/Av. Fontes Pereira de Melo/Av. da Liberdade, através da implementação de medidas de acalmia e de sinalética que promovam velocidades de circulação de tráfego abaixo de 30Km/h e lembre a partilha de espaço com bicicletas


Criar condições para a mobilidade ciclável no eixo Av. Almirante Reis/Av. Guerra Junqueiro/Av. Roma. Esta proposta implica:
a) a criação de um espaço canal próprio para bicicletas na Av. Almirante Reis (ou em faixas Bus onde não for possível); b) a criação de condições para a circulação de bicicletas em ambos os sentidos na Av. Guerra Junqueiro, e c) a criação de um percurso ciclável na Av. de Roma

São propostas importantes que esperamos ver implementadas em breve e não irem parar à gaveta dos projectos que venceram o Orçamento Participativo mas que nunca foram implementados...

Talvez não. São tudo projectos obvios e fáceis de executar.

Começando pelo mais evidente: a Av. de Roma, com as suas 3 faixas para cada lado tem espaço que chegue para mesmo os fanáticos do pópó não se incomodarem sequer com os habituais protestos.

O caso da Guerra Junqueiro é mais complexo, porque o nosso código da estrada não permite - ao contrário do que acontece em muitas cidades europeias - que as bicicletas circulem em sentido contrário ao dos automóveis.



Uma boa solução pode ser abandonar o estacionamento em espinha naquela artéria (pelo menos num dos lados), colocando-o paralelo ao passeio e libertando espaço para uma ciclovia bi-direccional... Ao mesmo tempo diminuia-se assim a presença automóvel naquela Avenida, que tem tanta vida, e que desta forma pode vir a tornar-se das mais agradáveis de Lisboa.

Finalmente, o caso da Almirante Reis, poderia passar pela implementação de uma faixa BUS em toda a Avenida em que pudessem circular os transportes públicos com mais velocidade e as bicicletas.

Se formos a ver bem não seria nada de muito extraordinário: Hoje em dia, os estacionamentos em 2ª fila quase que trasformaram aquela avenida numa artéria de 1 faixa para cada lado.

Creio que os logistas, incentivados por uma maior fiscalização, adaptar-se-iam rapidamente a fazer as cargas e descargas fora das horas de fluxo de transportes públicos (ocupando as faixas BUS) e os automobilistas em geral também saberiam encontrar alternativas... (por exemplo: não faz sentido que seja mais rápido ir da Alameda à Sé pelo coração da cidade, pela Almirante Reis, Praça da Figueira e subir pelo centro historico, do que pelos túneis das Olaias que eram supostamente as "auto-estradas da cidade".

Esta última reforma, ao contrário das outras propostas de banal implementação, seria de facto uma importante e estrutural marca na cidade.

Seria dar início a uma 2ª geração de medidas para se diminuir a carga automóvel em Lisboa e assim melhorar a qualidade de vida de quem cá mora... "2ª geração de medidas" essas que se estão a tornar cada vez mais urgentes para acabarmos de vez (outra vez) com o marasmo e voltarmos a sentir novamente aquele entusiasmo que houve há uns anos quando se inauguraram as primeiras ciclovias, limitou-se o transito no em importantes zonas da cidade como o Terreiro do Paço, Marquês de Pombal ou Duque de Loulé.  

Foto de um passado que já parece ter sido há muitos, muitos anos atrás...