Sob o manto da implantação de uma Academia da Fundação Aga
Kahn, a Câmara de Cascais pretendia aumentar a área urbanizada, à custa de
áreas REN, RAN e solo de alto valor agrícola. A intenção foi travada face à
contestação, que se materializou numa petição contra essa intensidade de
urbanização (e aumento de redes viárias) pretendida a reboque de um projecto
tão nobre. No entanto, há ainda vozes que dizem que o ambiente [neste caso o ordenamento do território e a necessidade de zonas com baixa densidade de construção e permeável] é um entrave ao
desenvolvimento.
O entrave é quando não existe planeamento a médio e longo
prazo e se cai no populismo de obra feita rapidamente, sem atender ao que a
natureza vem depois reclamar como seu. Não são sarjetas mal limpas a causa de
inundações em Lisboa como se registou no dia 22 de setembro passado, ou das
cheias que ocorreram há anos na Madeira. São obras de impermeabilização
interminável, sem incluir medidas de retenção das águas.
Uma cidade não pode ser só estrada e edifícios.
Uma cidade desenvolvida e madura tem que permitir construção, mas também zonas permeáveis, garantindo uma resposta adequada a eventos
climáticos extremos, como chuvadas intensas num curto período de tempo (com
tendência a intensificar, face aos cenários previstos pelas alterações
climáticas).
A permeabilidade de zonas na cidade passam pela sua humanização, incluindo a promoção dos transportes mais suaves em detrimento do automóvel, mas também promovendo os espaços verdes.
Quando recebemos queixas de pessoas que pedem para substituir o espaço verde em frente a sua casa por lages de pedra, para que o lixo que as pessoas deitam pelas janelas seja facilmente lavado com água, ou quando nos pedem para cortar árvores só porque sim, porque já há muitas na freguesia e não são precisas tantas, sabemos que há um longo caminho a percorrer.
Mesmo assim, o preocupante é quando um ex-autarca de Lisboa atribui a culpa das inundações de dia 22 de setembro à falta de limpeza de sarjetas. É fácil apontar o dedo. O difícil é ter a ousadia de promover as transformações positivas que a cidade de Lisboa tem recebido nos últimos anos. Haja coragem política e visão do seu Presidente da Câmara e da sua equipa.
Quando recebemos queixas de pessoas que pedem para substituir o espaço verde em frente a sua casa por lages de pedra, para que o lixo que as pessoas deitam pelas janelas seja facilmente lavado com água, ou quando nos pedem para cortar árvores só porque sim, porque já há muitas na freguesia e não são precisas tantas, sabemos que há um longo caminho a percorrer.
Mesmo assim, o preocupante é quando um ex-autarca de Lisboa atribui a culpa das inundações de dia 22 de setembro à falta de limpeza de sarjetas. É fácil apontar o dedo. O difícil é ter a ousadia de promover as transformações positivas que a cidade de Lisboa tem recebido nos últimos anos. Haja coragem política e visão do seu Presidente da Câmara e da sua equipa.
O paradigma alterou-se e há quem continue a resistir. Mas o
futuro tem que forçosamente de mudar, mesmo podendo não ser populista, mas pelo bem-estar a longo prazo de todos. Se não for por nós, a mudança será feita
pela força da água, que leva tudo atrás.
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