31 janeiro 2014
Um passeio pelo Campo Grande
Consegui finalmente visitar o jardim do Campo Grande após as obras parciais de requalificação, para confirmar aquilo que já se tem dito e escrito por aí: Ainda há muito por fazer, mas as coisas vão no bom caminho para voltar a dar vida a um parque que tem estado ao abandono há anos e anos.
Os relvados elevados na periferia do parque cria uma divisão bem conseguida entre o jardim e a autoestrada que por ali passa.
O "parque para cães" é uma excelente iniciativa e estava a ter bastante utilização na tarde em que lá fui.
Os novos campos de padel são uma iniciativa arrojada, uma vez que o não é um desporto muito popular, mas a orientação é acertada: Qualquer parque, para ter sucesso, tem de atrair utilizadores e são as pessoas que trazem mais pessoas, uma vez que um parque vazio afasta gente... quanto mais não seja por razões objectivas de segurança. Ora, numa fase de arranque, atrair "utilizadores de nicho" como praticantes de padel, que não têm na cidade equipamentos como aqueles, parece-me ser uma boa estratégia. Spots para brincar com o skate, fazer parkour ou escalada (ou uma mistura criativa dos 3), era uma ideia que tenho pena que ninguém agarre...
Depois há o lago, claro. Agora não lhe acho piada nenhuma, mas a primeira vez que entrei num barco foi ali. Não sei que idade tinha, mas lembro-me que aquilo para mim foi quase uma experiência mágica...
Finalmente, apesar de ser só um pormenor para a maioria das pessoas, os parques para bicicletas estão um espectáculo. Desenhados por alguém que realmente percebe alguma coisa de como prender uma bicicleta em segurança na cidade.
Do lado negativo realço, como disse, o enorme atraso que ainda há na requalificação total do jardim, nomeadamente com a resolução dos problemas da piscina e do Caleidoscópio.
Há, para além disto, um problema estrutural grave que é a barreira de alcatrão entre a cidade do quotidiano e o parque: 7 faixas (largas, como se usa cá em Lisboa, para os automobilistas sentirem-se mais à vontade), com transito rápido, tive de eu atravessar em passo de corrida para chegar ao outro lado.
Finalmente, fala-se sempre da piscina e do Caleidoscópio... mas e a espectacular Casa de Função, situada estrategicamente à beira da Alameda da Universidade? O abandono é total e para aqui não haverá a desculpa de processos pendentes em tribunal (caleidoscópio) ou a falta de investidores (piscina).
Não faltarão, com certeza, projectos comerciais para aquele espaço único. No entanto, a Câmara poderia, à semelhança do que se está a fazer para a carpintaria de S. Lázaro, lançar um concurso público em que valorizasse (para além da renda) os projectos e a capacidade de levar a bom porto esses projectos, que as pessoas tivessem para ali.
Eu, naquele jardim, à beira de uma ciclovia, da Universidade e de uma via em que é urgente acalmar o trânsito rodoviário, incentivaria para ali a instalação de uma oficina comunitária de bicicletas, como a dos Anjos, que tem tido enorme sucesso.
Os ciclistas são uma "tribo urbana" altamente empenhada e dinâmica. Uma cicloficina, articulada com um espaço de convívio e comes e bebes, daria àquela parte do jardim uma movida extraordinária, do tipo que existe em tantas cicloficinas por todo o mundo e que poderia contagiar positivamente o resto do parque e até a alameda da cidade universitária.
29 janeiro 2014
10 janeiro 2014
Planos em discussão pública
- Aviso n.º 497/2014. D.R. n.º 7, Série II de 2014-01-10
Município de LisboaAbertura do período de discussão pública da proposta de plano de pormenor de reabilitação urbana do Campus de Campolide - Aviso n.º 498/2014. D.R. n.º 7, Série II de 2014-01-10
Município de LisboaAbertura do período de discussão pública da proposta de plano de pormenor do eixo urbano Luz Benfica
Mais aqui e aqui
09 janeiro 2014
A propósito do Cinema Londres
Fotos do google street view de algumas das Avenidas mais importantes de Lisboa: Avenida de Roma (Cinema Londres na imagem), Avenida Fontes Pereira de Melo e Avenida da República
Mais um Cinema que fecha, desta vez o "Londres". Na internet, da esquerda à direita, chora-se o facto consumado. Eu incluído.
Mas a pergunta que faço é esta: o que é que se espera de Avenidas como estas onde todo o espaço é ocupado para o automóvel e os passeios são apenas o que resta? Que o comércio revitalize? Que abram esplanadas e lojas com montras apelativas?
Sejamos francos: se queremos revitalização do comércio e dos serviços temos que fazer escolhas. Não vale a pena é queremos tudo e depois ficarmos sem nada.
05 janeiro 2014
«O sistema...»
Tive a fazer um pedido de plantas no edifício do Campo Grande da CML.
A certa altura tenho de dar os meus dados pessoais - as mentes burocráticas da Administração Pública (e não só) acham sempre evidente que tenhamos de passar a vida a dar um conjunto de dados que eles, aliás, nunca vão dar uso ou tirar qualquer tipo partido - dar dados pessoais tão específicos como a minha Junta de Freguesia, para além da minha morada...
«- Avenidas Novas
- Não, a antiga Junta de Freguesia...
- Mas essa já não existe. Agora é Avenidas Novas
- Mas o sistema só permite colocar as antigas...
- Então meta Fátima. Acho que é Nossa Senhora de Fátima mas não tenho a certeza...
- Isso também não tem importância nenhuma...»
02 janeiro 2014
As causas da poluição da Avenida da Liberdade
Para além do número de veículos sobre as quais têm sido tomadas medidas com êxito, há uma razão morfológica muito forte para a qual o urbanismo nos últimos 40 anos muito tem contribuído para agravar.
O aumento da cércea levou a que as brisas de encosta deixassem de funcionar da melhor forma e os poluentes tenham muita dificuldade em serem drenados lateralmente. Para esta drenagem contribuem as zonas verdes localizadas nas encostas da Avenida, tais como o Jardim Botânico ou muitos dos logradouros e quintais permeáveis.
Do ponto de vista da redução da poluição, e não sendo previsível que possa haver uma redução de cércea, resta para o futuro garantir que pelo menos não haja mais aumentos de cércea no edificado existente e no que respeita às medidas de minimização passiveis de serem activadas, não resta outra solução que não vocacionar todos os esforços para a redução das emissões rodoviárias.
É muito fácil olhar para o arvoredo da Avenida e culpá-lo da má drenagem atmosférica. Não digo que no Verão, e com toda a folhagem das árvores "activa", não possa haver uma pequena percentagem de acumulação que esteja relacionada, mas efectivamente as cérceas do edificado são, e de longe, a grande barreira à drenagem na Avenida.
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