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26 julho 2013

A fábrica das salsichas

As crónicas de Manuel Falcão sobre Lisboa, como esta, são provavelmente um dos case-studies mais relevantes da história de como fazer "render o peixe" ou, com muito pouco fazer muita quantidade. Fica um excerto:
"Lisboa
À medida que se aproxima o 29 de Setembro, aceleram as obras. Ruas há muito esburacadas levam um maquilhagem de asfalto. A Rua do Ouro, que parecia um concurso de lombas e declives, está a levar um "facelift". Costa desempenha o papel daqueles cirurgiões estéticos que não resolvem o problema, mas conseguem iludir as aparências. O que anda a fazer em Lisboa - da beira rio, ao centro da cidade, é uma espécie de botox alcatroado. Só lhe falta fazer rotundas - mas em compensação fez ciclovias que permanecem desertas na maior parte do dia. Pelo caminho que as coisas levam, António Costa será um voto perdido para os que nele acreditam - vai conseguir maneira de deixar Lisboa entregue ao soldado desconhecido enquanto ele vai pelear pelo Governo . A Lisboa de Costa, a vida política de Costa, é isto: ilusão, make up e propaganda. O pior é quando se anda na Avenida da Liberdade..."

A receita é simples e permite produzir um produto em série até à exaustão. Vejamos uma lista básica de requisitos com que se constrói a generalidade das crónicas:
1. Dizer mal de António Costa, porque não fez aquela obra.
2. Dizer mal de António Costa, porque fez aquela obra, logo é propaganda.
3. Dizer mal do António Costa por causa do "Zé".
4. Criticar o "Zé" porque tem executado boa parte do que prometeu fazer, logo não faz falta.
5. Discordar das ciclovias, as bicicletas e os ciclistas, porque Lisboa claramente não tem aptidão para andar de bicicleta.
6. Criticar os ciclistas porque começam a ser cada vez mais e até já atrapalham e as ciclovias porque há um pequeno tufo de ervas ao km 3 de uma ciclovia e tirar uma fotografia com "zoom" ao dito tufo.
7. Lamentar a Avenida da Liberdade onde agora "não se consegue andar".
8. Denunciar as obras de requalificação de espaço público, que não desenvolvem a cidade.
Da minha parte aos poucos fui deixando de acompanhar as suas crónicas, porque atingi a exaustão dos temas e dos mesmo argumentos de sempre. 
Dou algum desconto extra a algumas das suas análises,porque não é mesmo possível avaliar uma cidade de dentro de um carro, que é onde parece que as mesmas são escritas.
(Imagem AQUI)

1 comentário:

  1. Falta-te dizer que Manuel Falcão foi o homem que Santana colocou na presidência da EGEAC.

    Ele, como o Barbosa do ACP, e outros laranjinhas e santanistas veêm bem a (não) candidatura do PSD e talvez acalentem o sonho de serem os senhores que se seguem.

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