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06 fevereiro 2013

Os Anjos já não são um "deserto social"

Começa hoje a actividade do Clube Amador de Xadrez dos Anjos - CAXA.

O novo clube funcionará num espaço também inaugurado recentemente - Zona Franca - que promete ser um espaço que albergará muitos e diversificados projectos virados para "o bairro".

Apesar de não haver dados disponíveis, salta a vista que esta zona da cidade está a viver um processo de regeneração que, embora lento, contrasta com os anos em que o movimento foi precisamente o contrário: de desertificação e depressão.

Hoje, ao mesmo tempo que a Freguesia volta a repovoar-se, toda aquela zona tem conhecido uma nova dinâmica.


Assim de cabeça, no Regueirão do Anjos - uma das artérias mais extraordinárias da cidade, quase votada ao abandono - está a Taberna das Almas e o RDA, uma das colectividades mais singulares de Lisboa e que alberga, entre outras coisas a Cicloficina dos Anjos, que atrai semanalmente ciclistas de toda a cidade para reparar e aprender a reparar a sua bicicleta.

Do outro lado da Avenida, está então a Zona Franca e, mais para baixo, o SOU, uma das Associações Culturais mais dinâmicas de Lisboa. Ainda mais para baixo, na zona do Intendente, certamente impulsionado pelas obras de requalificação do Largo do Intendente, que transformaram um parque de estacionamento numa praça tão agradável, apareceu a Casa Independente, que tem ajudado a criar ali (tanto ou mais como a mudança do gabinete do Presidente da Câmara para ali) uma nova centralidade na cidade.



Esta é só uma avaliação rápida e de memória do que se está a passar naquela zona.

A pretexto da notícia do lançamento de um Clube de Xadrez, fica então a sugestão para urbanistas, sociólogos ou economistas: Investigue-se e estude-se o que se está a passar nos Anjos até ao Intendente. Essa reflexão pode ser muito útil para pensar a cidade e as estratégias para a sua regeneração.

7 comentários:

  1. Não posso deixar de vir saudar este magnífico post e todas as indicações preciosas que ele oferece para uma leitura crítica da cidade e das suas possibilidades. Um grande bem-haja e mais venham de igual qualidade. Por acaso nunca pensou candidatar-se à C.M.L.? Pelo que aqui li, poderia fazer um trabalho bastante mais interessante do que o dos candidatos habituais.

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  2. Acrescentar a Cantina Cooperativa dos Anjos!

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  3. Ricardo, como eu digo sempre: «Os lisboetas conhecem-me» ...e se me conhecem realmente, sabem que ando com pouca paciência para a vida política activa ;)

    Rui: manda-me um mail com informação sobre isso, por favor. Não só queria postar sobre isso como vivo agora com uma estudante de erasmus alemã vegetariana que é bem capaz de vir a tornar-se tua cliente habitual.

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  4. Depreendo, portanto, que achas que os Anjos eram um "Deserto Social" até há pouco, é isso? A sério, man? Porquê? Porque havia "muitos imigrantes e prostitutas"? Ou era o "flagelo da droga" que te assustava? De facto concordo, os sociólogos e outros deviam ir estudando mais as representações que se vão produzindo e fazendo circular sobre este e tantos outros espaços da cidade. Mas as afirmações que aqui se fazem não seriam menos importantes de serem estudadas do que as que de vários quadrantes diabolizaram (na minha opinião, injustamente) esta zona durante anos a fio, meu caro.

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  5. Não é bem isso.

    Em primeiro lugar, como imaginava que saberias, imigrantes prostitutas e droga não são coisas que me incomodem minimamente. Antes pelo contrário, quase se poderia dizer sem exagero. Portanto, essa parte em particular acerta mesmo muito ao lado... :P

    O termo "Deserto Social", entre aspas, aparece porque é usado no texto de apresentação da Zona Franca (veio para combater o deserto social que é aquela zona, alguma coisa assim) e portanto é uma espécie de private joke misturada com uma crítica: De facto, os Anjos não são um deserto social.

    No entanto, eram há uns tempos uma zona bastante deprimida da cidade. Sem muitos imigrantes, prostituição ou dorga, mas em processo avançado de desertificação, com muitas casas abandonadas e cada vez menos comércio de rua.

    Creio que a descida dos preços da habitação, que começou a atrair gente para aquela zona da cidade terá invertido essa situação. E agora, com mais gente, o bairro ganha outra dinâmica, nomeadamente com a abertura de espaços como o Zona Franca de onde tirei o termo.

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  6. Quando imaginavas que eu saberia, imaginavas bem. Aliás, a minha admiração devia-se em grande parte a isso mesmo: conhecendo-te como te conheço, isto não me estava a soar bem.

    Não podes é esperar que toda a gente que lê este blog entenda as tuas private jokes, man...

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  7. Vivi quase toda a minha vida no Regueirão dos Anjos...foi uma tortura psicológica...tinha vergonha de levar os meus amigos a minha casa pois as prostitutas metiam-se com eles..e os homens que faziam fila à espera do "alivio", largavam piropos completamente debochados a nós...depois vieram os drogados quando o Casal Ventoso foi abaixo...nova tortura...a ter de assistir a este flagelo da janela...Fico muito contente que o "deserto" esteja a desaparecer e a dar lugar a um novo local de reunião de estilos e mentalidades!

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