O Bernardino levantava há tempos a importante questão da proliferação dos shoppings em Lisboa, os eucaliptos comerciais que secam o comércio tradicional. Independentemente dos gostos pessoais sobre os ditos, há que ver que a abertura de um shopping não é uma decisão comercial como outra qualquer, dadas as consequências que acarreta.
A morte do comércio local não é apenas a troca de um modelo comercial por outro, implica tirar a vida à cidade, retirando-lhe qualidade de vida, descaracterizando-a, reduzindo o movimento e criando sentimento de insegurança. Os shoppings levantam também problemas logísticos, propiciam as auto-estradas dentro da malha urbana, promovem uma mobilidade centrada no automóvel em detrimento de uma mobilidade mais humana.
É sinal do nosso individualismo bacoco (o mesmo que aceita as marquises ilegais e monos urbanísticos, porque o dono é o senhor supremo do seu pedacito de cidade) que se aceite mais e mais shoppings sem discussão pública.
Vivi numa cidade holandesa, que apesar do seu tamanho médio (200 mil habitantes), estava até então livre de shoppings. Quando essa hipótese se pôs por pressão de um grupo de distribuição, o município decidiu delegar a decisão aos cidadãos num referendo local.
O shopping perdeu, e a ideia morreu aí.
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