Muitos
indicadores atuais fazem-nos concluir que atravessamos um momento
socialmente sensível e particularmente marcante para o sistema de transportes
nas áreas metropolitanas.
As
mudanças politicas em curso determinaram alguns aumentos tarifários do
transporte coletivo, contribuindo para a diminuição da sua atratividade para o
utente. Esta consequência sabemos estar totalmente desalinhada das politicas
europeias de transportes, em particular, no que diz respeito à necessidade
de reequilíbrio da repartição modal e de desincentivo da opção pelo
transporte individual motorizado privado.
A
sustentabilidade das empresas do setor dos transportes é essencial mas não pode
ser analisada de forma isolada ou sem um entendimento económico mais
abrangente. O sistema de transportes tem um carácter transversal e a
sua relação com o planeamento e ordenamento do território é por demais
evidente! Portanto, urge pensar no atual conceito de prestação de serviço
público, assim como, nos vários modelos de financiamento possíveis para o
efeito!
Sendo
esta uma questão completamente transversal a matérias como a habitação,
emprego, ambiente, urbanismo e ordenamento do território, apenas queria deixar
as seguintes reflexões:
- numa fase em que as dependências casa/trabalho aumentaram distâncias
- numa fase em que a mobilidade para além de um direito é um fator de acesso a oportunidades de emprego e de inclusão social
- numa fase em que nunca foi tão oportuno como agora, a promoção da utilização do transporte público alterando o paradigma cultural atual e ambicionando um sistema de transportes com uma repartição modal mais equilibrada
Estaremos mesmo a trabalhar de uma forma institucionalmente integrada e centrada nas necessidades do cidadão?
Estaremos mesmo a dialogar em plataformas de stakeholders inclusivas (governo, reguladores, autoridades metropolitanas, autarquias locais, operadores de transportes, gestores de infraestruturas, comissões de utentes, comissões de trabalhadores, sindicatos e associações civicas e/ou outras ong’s)?
Estaremos mesmo a resolver os problemas à escala territorial apropriada, promovendo um desenvolvimento social, ambiental e economicamente sustentável?
Filipe, a resposta às tuas reflexões / perguntas finais é: Não estamos.
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