Páginas

15 abril 2013

A Praça do Areeiro

A atenção que o Executivo de António Costa tem dado à requalificação de muitos espaços públicos, contrasta com o estado deplorável em que se encontra a praça do Arreiro, conhecida oficialmente, desde os tempos áureos do Cavaquismo, por praça Sá Carneiro.

 
Não sendo das mais importantes praças de Lisboa, não deixa de ser uma importante entrada da cidade, nomeadamente, para quem chega de avião e aterra no Aeroporto. É uma pena o que ali tem sido feito ao longo dos anos...

Desde os túneis (as auto-estradas da cidade, como lhe chamava o próprio executivo - João Soares - da altura), à construção dos mamarrachos com mais de 10 andares, tipo Rio de Mouro ou Rinchoa, passando por aquela obra extraordinária que foi feita há uns anos de "ovulação" da rotunda para permitir "maior fluidiz de transito" entre a Almirante Reis e a Gago Coutinho, tudo de mau foi feito à praça.


Mas o pior, claro, foi o gigantesco monumento com mais de 19 metros de altura, inaugurado em 1991 pelo então Presidente da Câmara Jorge Sampaio.

Para além do discutível valor estético deste "monumento ao decapitado", a simbologia política é ainda mais discutível e pantanosa... Não é por acaso que a ideia da estátua surge de uma petição dinamizada pelo jornal de extrema-direita "O Dia".

Sá Carneiro, foi o líder de uma aliança de direita que no fundamental tinha como missão a alteração profunda do quadro económico, social, político, instuticional do Portugal da revolução de Abril. «Um Governo, uma Maioria, um Presidente», era o que pedia Sá Carneiro para levar a cabo a sua tarefa (hoje, se fosse vivo, talvez acrescentasse «Um Tribunal Constitucional»), pelo que não deixa de ser espantoso o facto de ser, precisamente, o primeiro Presidente de uma coligação de esquerda na CML, a concretizar a desproporcionada homenagem.

Do meu ponto de vista, não há então nenhuma requalificação realmente positiva que não passe pela retirada definitiva do "decapitado".

...Mas até lá, uma pequena lavagem de cara à praça (o que custa tirar divisórias de plástico, tapumes e proibir o estacionamento ali pelo meio?) já era muito bem vinda.



Nota: O pedido de esclarecimento feito por mim, há semanas, à CML, através do serviço "Atendimento on-line", sobre os projectos pendentes para a praça e motivos para a existência de um estaleiro em espaço público durante anos, foi ignorado. Nem à resposta da praxe ("Obrigado pela sua questão que foi remetida para os serviços competentes para ser respondida com a brevidade possível") tive direito.

2 comentários:

  1. Note-se que as "divisórias de plástico" servem para corrigir o tal erro que foi feito de redesenho da rotunda («para permitir "maior fluidiz de transito" entre a Almirante Reis e a Gago Coutinho»). Elas estão ali bem.

    ResponderEliminar
  2. Podem ter o efeito desejado, mas é feio como tudo.

    ResponderEliminar