Foi hoje apresentado por António Costa o projecto do futuro Museu Resistência e Liberdade que a CML vai instalar na antiga prisão do Aljube.
Por pertencer ao Movimento Não Apaguem a Memória (NAM), não queria deixar de divulgar o comunicado do Movimento, que, naturalmente congratulando-se com a boa notícia, nota o facto de que o NAM, desde o início o principal dinamizador dessa ideia e dessa luta concreta, não ter sido convidado para a Comissão Instaladora que vai "definir os conteúdos programáticos, científicos e museológicos do futuro museu".
Trata-se de uma situação de tal forma estranha que é impossível não fazer especulações sobre o assunto...
Passados quase 40 anos sobre o 25 de Abril, a Associação Movimento Cívico Não Apaguem a Memória! (NAM) continua a lutar para que os poderes públicos assumam a responsabilidade de construção de um espaço para a divulgação pedagógica da memória colectiva dos combates pela democracia e pela liberdade em Portugal, que aproveite os locais emblemáticos dessa realidade como locais de memória da resistência.
Neste particular, a transformação da antiga cadeia do Aljube num Museu da Resistência e da Liberdade sempre constituiu um dos principais ícones da mobilização cidadã impulsionada pelo NAM desde a sua criação, em 2005.
Um dos marcos importantes para a concretização desta iniciativa foi a assinatura de um protocolo entre o Município de Lisboa e o NAM em 25 de Abril de 2009. Com ele se criaram, por uma lado, condições favoráveis para a realização, em 2011, da Exposição “A Voz das Vítimas”, financiada pela Comissão para as Comemorações do Centenário da República, mas que contou, também, com o apoio da CML pela cedência e adaptação do espaço do Aljube para os fins pretendidos. Por outro lado, neste protocolo contemplou -se, também, a intenção da CML de criar o Museu da Resistência e da Liberdade.
Não poderíamos, portanto, deixar de nos congratular com a informação que nos foi comunicada pela CML, através de carta recebida a 19 de abril passado, na qual é reafirmada tal intenção.
Contudo, é com alguma estranheza que verificamos que, apesar de o NAM sempre ter sido o principal interlocutor da Câmara no que respeita à criação de um Museu no Aljube (tal como o já citado protocolo bem evidencia), o nosso Movimento não integra nem a Comissão Instaladora – que irá precisamente definir os conteúdos programáticos, científicos e museológicos do futuro museu - nem o nome da sua Presidente está associado a relação das 21 personalidades convidadas para fazer parte do denominado Conselho Consultivo.
Na verdade, o NAM é apenas referido como uma das 14 "Organizações de Memória" que também integram este Conselho.
Perante tal situação não podemos deixar de expressar publicamente o nosso protesto pela forma como o nosso Movimento foi marginalizado neste processo.
Recordamos alguns passos decisivos que o NAM protagonizou com o objetivo da criação do Museu do Aljube, numa altura em que ninguém acreditava que fosse possível nem agir nesse sentido. Foi pela ação do NAM que no dia 1 de julho de 2006 mais de 200 pessoas, de entre os quais cerca de 30 antigos presos políticos, se reuniram frente à antiga cadeia do Aljube para reclamar a criação de um museu. Foi por iniciativa do NAM que inúmeras reuniões ocorreram com grupos parlamentares, Ministérios e órgãos da CML para os sensibilizar para a importância de resgatar do esquecimento a memória da resistência, nomeadamente através da criação de um museu na antiga cadeia do Aljube. Foi o NAM que fez a proposta da excelente exposição do Aljube, como estratégia de lançamento do futuro museu, para cuja execução convidou a Fundação Mário Soares e o Instituto de História Contemporânea.
Apesar de não entendermos a razão desta marginalização e do sentimento de injustiça que nos acompanha, não deixaremos de acolher o convite da CML dirigido à Presidente e Vice Presidente da direção do NAM para participarem na cerimónia do dia 24 de Abril, no Aljube, de apresentação do projecto do futuro museu, da sua Comissão Instaladora e do Conselho Consultivo.
Porque o que mais importa é que o Museu da Resistência e Liberdade possa em breve ser uma realidade.
Não é necessário especular mais: O Museu Resistência e Liberdade foi entregue à Fundação Mário Soares.
ResponderEliminarNão se percebe como é que uma coisa destas passa incólume.
António Costa devia ter vergonha. Não é assim que se une a esquerda.
Na mouche! Era uma questão da mais elementar justiça, haver alguém da direcção do NAM na Comissão Instaladora. Mas ninguém da CML soube justificar esta ausência. Movimentos apartidários são cilindrados, na primeira oportunidade...E a CML esqueceu que foi o NAM quem lançou a ideia, que foi durante anos, e até agora, o único interlocutor da CML para a levar adiante, que mobilizou o Movimento em torno desta bandeira, que apresentou a proposta da EXPOSIÇÃO A VOZ DAS VÍTIMAS NO ALJUBE à Comissão do Centenário da República, para num gesto de prestidigitação - repentinamente ! - parecer entregar o MUSEU de mão beijada à Fundação Mário Soares...
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