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29 abril 2013

As obras são autênticos "LEGOs"

Tenho constatado pelas redes sociais e pelos blogues que as pessoas lidam muito mal com obras.
Esta maquete de uma reparação na via pública que ontem estava na exposição da "LEGO" aqui perto de Lisboa, lembrou-me de várias fotografias de obras em curso na Cidade, em que se vê naturalmente muito pó e muitas máquinas, e que geram frequentes comentários como "o que para aqui vai" ou "estão a destruir isto", entre outros semelhantes. Quando são reacções de cidadãos, é aceitável. Ninguém tem que ser especialista de tudo. Mas o pior é quando as reacções são adoptadas por Instituições ou mesmo por ONGs, que em muitos casos se demitem já de estudar os assuntos, preferindo lançar a confusão e sabendo bem o poder que uma foto hoje tem perante a rapidez de partilha...
As pessoas têm que compreender que uma obra gera sempre um grande aparato. O objectivo da obra é estar concluída, não o facto em si mesmo. Não são as obras intervenções "estéticas", e frequentemente para se obter o resultado final, há períodos em que é de facto assustador ver a dimensão das áreas afectadas por trabalhos. 
Para se construir um caminho numa encosta, a área de implantação do próprio caminho é necessariamente muito superior ao mesmo, sobretudo se tiver muros. No final, é bom quando nos esquecemos desses períodos de obra.
Nesta maquete vê-se bem a quantidade de infra-estruturas que existem num arruamento típico, entre esgotos, águas, electricidade, gás, telecomunicações. Às vezes "é só mudar" uma árvore ou "é só mover" um lancil são frases discutidas nas redes sociais com a maior leviandade perante a complexidade da intervenção, e as opções municipais mal compreendidas e muitas vezes mal avaliadas.
E é melhor mesmo nem comentar quando se trata de intervenções em árvores: os abates por doença e risco de queda confundem-se com "obcessão pelo corte de árvores", a confusão entre "grandes árvores" e "árvores centenárias" ou as desmatações de infestantes confundidas com "arboricídios"...

8 comentários:

  1. Pois, isso tudo é verdade. Mas guardo na memória um comentário que ouvi aquando de uma minha passagem por Berkeley, Califórnia, há 10 anos atrás, com um amigo meu português que por lá morava. Numa rua daquela cidade, estavam a decorrer umas obras no sob o alcatrão. Durante o dia, enquanto decorriam os trabalhos, o trânsito era desviado para a via da esquerda. Ao fim do dia de trabalho, o material era arrumado e umas chapas de aço cobriam o buraco, tornando-o quase imperceptível e, assim, evitando demais perturbações ao trânsito.
    E, lembrei-me desse episódio ao passar, durante o mês de Abril, pela rua Augusta. Uma das suas transversais (não me lembro qual) tem estado (ou esteve) em obras no subsolo.
    É verdade que a logística é complexa. É verdade que as infraestruturas são inúmeras. Até é verdade que não é só empurrar isto, ou puxar aquilo. Mas o que me parece inaceitável é que, durante o longo período em que se desenrolou aquela intervenção, os peões tivessem de se esgueirar por uma estreita passagem entre uns gradeamentos, sujeitos à poeira levantada pelas máquinas, ou a pisar a lama formada quando chovia. Umas simples chapas de aço sobre a zona de passagem, em vez de umas periclitantes tábuas de madeira, já seriam um enorme passo em frente.
    A verdade é que raramente há, da parte do empreiteiro e/ou de quem o contrata, o cuidado de minorar os incómodos para o trânsito e, sobretudo, para os peões. Os buracos são abertos e, com a maior das leviandades, se manda o peão para a faixa de circulação, ou fazer um desvio de uma centena de metros.
    Se calhar, as opções municipais motivam, frequentemente, esses comentários. Umas vezes serão injustos. Outras não...

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    1. Concordo consigo na falta de respeito genérico pelo peão durante as obras.
      Frequentemente o peão perde o passeio enquanto a via se mantém intacta... os estaleiros sempre sobre os passeios e raramente sobre as vias, etc.
      Mas o foco do post, por acaso, não era sobre esse aspecto.

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  2. Miguel Barroso29 abril, 2013 16:14

    A mim o que me faz mais espécie, é a desarticulação entre os diversos departamentos das autarquias (e isto é um mal geral em Portugal - e será certamente em outros países): Quando se coloca um tapete novo numa rua, e passados alguns dias (dias mesmo, já vi acontecer mais do que uma vez, em vários locais), toca a rasgar o alcatrão novinho, que vem lá uma outra intervenção qualquer (passar fibra, trocar um cano, passar outra coisa qualquer). Mas concordo quando falas no bota-abaixo, de dizer mal de qualquer intervenção, com base em "achismo" cheio de moral...

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  3. As árvores, em particular, provocam sempre as reacções mais estapafúrdias na internet.

    Numa das listas de discussão na net em que participo, a propósito da requalificação da Ribeira das Naus, falou-se agora em "assassinato de árvores"...

    "Assassinato de animais" quando se fala de touradas, testes cosméticos ou pura e simplesmente comer carne, é uma expressão banal entre os defensores mais radicais de direitos de animias, vegans, etc... Agora, "Assassinato de árvores" (quando estamos a falar do corte de uma árvore com função decorativa e a substituição por outra! Nem sequer é, por exemplo, o corte de uma árvore para produzir papel que eventualmente só é necessário porque vivemos numa sociedade consumista, etc, etc. ) é coisa que só se houve falar nos comentários rápidos e pouco reflectidos da internet

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    1. Uma coisa curiosa quanto aos "arboricídios" é que até hoje ainda ninguém veio reivindicar a contestação ao arboricidio completo dos Jacarandás na Av. Joaquim Augusto de Aguiar em 2004 se não me falha a memória, não porque se ia requalificar um Jardim, mas porque se ia construir um túnel...e não se plantaram árvores para compensar!
      Porque será?

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  4. Quando as obras demoram claramente para alem do prazo estimado e/ou nao se percebe a razão de algumas obras, acho normal que isso gere críticas, algumas delas com razão.

    É verdade que há exageros em diversos comentários pelas redes sociais. Mas também é verdade que para alem da pouca ou nenhuma preocupação com os peões e outros utilizadores do espaço publico, há uma má comunicação entre os donos das obras e o público. Por exemplo, as obras que (parece) que nunca mais acabam na rua da vitória (entre o metro e o futuro elevador). Ou porque que é que alguns materiais em algumas obras recentes (p.e. Terreiro do Paço) estão a ter uma duração tão curta.

    Acho que poderia existir um serviço da CML que semanalmente (o ideal até era diariamente) atualizasse o estado das obras. No fundo, desenvolver e melhor os alertas que já funcionam aqui: http://www.cm-lisboa.pt/zonas/centro-historico/alertas

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  5. Bem, a plataforma existe e até saiu do OP:
    http://www.lisboaparticipa.pt/pages/simplis.php/A=21___collection=cml_simplis
    Há que articulá-la com esta ferramenta "Na minha Rua":
    http://lxi.cm-lisboa.pt/lxi/

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  6. Folgo em saber que a plataforma existe, mas realmente o que falta é a articulação com o "na minha rua" (que podia ser melhor). Porque essa ligação CML-População é fundamental.

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