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26 maio 2013

Muros invisíveis

Na Alta de Lisboa foram construídos, lado a lado, habitações sociais (realojamento da Musgueira) e habitações de mercado livre (onde reside a chamada classe média). Contudo, no eixo principal da Alta onde os dois "mundos" se interseccionam, continua a não haver a desejada mistura social: a malta do "mercado livre" frequenta o café do "seu" lado da rua, a malta do "bairro social" frequenta, por sua vez, o café do outro lado da rua. Proximidade física não implica proximidade social. Um muro invisível separa, então, os dois mundos: chama-se desigualdade.

4 comentários:

  1. e acho muito bem! os pobres nao tem de ficar com o que os ricos ou alguem trabalhou.. se querem trabalhem!.. é simples.. ngme pbrigado a andar misturado com a maralha

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  2. Não percebo qual é o problema...
    Eu também prefiro ir ao café onde vão os meus amigos, e não é por isso que há alguma fractura no meu bairro ou que haja desigualdade (de quê? oportunidades?), qualquer um pode ir ao café onde quer). A proximidade social existe, nem que seja pelo "bom dia" nas escadas do prédio quando os vizinhos se cruzam.
    Gostava que justificasse melhor essa sua teoria.

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  3. A questão é: quem é que são os nossos amigos? Não seria normal que adolescentes que crescessem na mesma rua pudessem ser amigos? Mas não é isso que acontece. Há uma desigualdade tão grande de mundos próprios (referências culturais diferentes, habilitações escolares diferentes, expectativas socias diferentes, modos de vida diferente, rendimentos diferentes, interesses e aptidões diferentes, oportunidades diferentes, estatutos sociais diferentes) que os putos de um lado da rua por e simplesmente não convivem com os putos do outro lado da rua. Cada um olha o outro lado como se de outro planeta se tratasse. A contiguidade espacial dos dois mundos é um bom começo. Talvez daqui a uma geração as coisas sejam diferentes. Mas o que aprendemos com a experiência da Alta de Lisboa é que, pelo menos a curto prazo, a mera proximidade física não é suficiente para romper o muro invisível das diferenças de classe.

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  4. "Tretas", desculpe que lhe diga. A integração social não se faz por decreto, nem tão pouco hiperprotegendo denominadas classes desfavorecidas. Todos têm o dever de contribuir para o bem estar social. Coesão social faz-se com movimentos de convergência de ambas as partes. A quem acha que se deve o financiamento do edificado de rendas sociais (isto é, facilitadoras de habitação digna, para quem a alternativa seria viver numa barraca). Não cuspamos no prato onde comemos...é a classe média que vai sustentando tudo neste país. Justa homenagem à classe média, que vem suportando enormes sacrificios num período tão difícil como o que estamos a viver! São pessoas honestas, que procuram activamente diferenciar-se académica e profissionalmente, superando todas as dificuldades, e que se dignificam diariamente por via do trabalho, e que pagam os seus impostos. Estas pessoas merecem todo o nosso respeito. Alexandre.

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