Desde que recebi o convite para escrever neste blogue passaram longos meses de falta de inspiração literária, muito porque grande parte dos temas que me fariam escrever têm sido muito bem abordados pelas restantes pessoas que aqui escrevem.
Mas eis que este fim de semana tive uma experiência que quero partilhar convosco, e já que temos uma rubrica "ouvido em Lisboa" acho que se impõe uma nova rubrica "vivido em Lisboa"!
Este fim de semana, e como já fiz por diversas vezes no passado decidi ir a São Pedro de Moel de bicicleta e Comboio, com saída no Sábado e regresso no Domingo, saindo de Sete Rios.
Confesso que já não tinha esperança de poder ir de comboio, após os cortes anunciados no passado na linha do Oeste, que apontavam para o encerramento da linha a partir de Torres Vedras.
E eis que nos fazemos à viagem, de modo a poder aproveitar os escassos dois dias, perante viagens que no mínimo demoram três horas entre Sete Rios e a Marinha Grande, lá apanhamos o comboio das 06h da manhã de Sábado.
Auto-motora de apenas uma composição, no entanto até moderna e confortável face ao passado, porém sem lugar para transporte de bicicletas de forma apropriada.
Mas como aquela hora da manhã nem os passageiros normais abundam, quanto mais os ciclo-turistas, não temos problemas em colocar as nossas montadas a bordo.
O fim de semana corre bem, assim como a viagem de ida, mas eis que na viagem de regresso, após uma paragem nas Caldas da Rainha e entrada de mais duas bicicletas na única carruagem da auto-motora, temos uma conversa/discussão no mínimo curiosa com o revisor.
Entramos e ouvimos logo um queixume do revisor que se queixa dos "idiotas" dos colegas que autorizam a entrada de bicicletas naquela linha, sem levarem em conta o material circulante!
Conversamos com o senhor e explicamos que por isso é que viajávamos com bicicletas dobráveis, além do mais o comboio ia longe de estar cheio, e o importante era manter-se o movimento na linha, mesmo de ciclistas, caso contrário a linha fechava.
Resposta - "não me importo nada que a linha seja fechada...é o que eles querem, mesmo"!
E assim decidi escrever o meu primeiro artigo para este blogue, levantando as seguintes questões:
Como é possível termos uma linha do Oeste, uma das zonas de maior crescimento populacional nos últimos anos, de finais do século XIX, com horários completamente desajustados, tempos médios de viagem e preços não competitivos?
Que raio de atitude é esta de resignação, lamuria e sabotagem por parte daquele que deveria ser um dos principais interessados no sucesso da linha?
No entanto e para não desanimarem, mesmo demorando três horas posso-vos garantir que vale bem a pena a viagem, da janela do comboio vemos que ainda produzimos muito no nosso país em termos agrícolas e não só!
Vivido em Lisboa...Merecemos mais e melhores ligações de comboio na linha do Oeste e em todas as outras linhas também!!
!!
Não deixo passar este verão sem fazer também esse passeio! Obrigado Nuno!
ResponderEliminarAproveito a oportunidade para saudar o autor do blogue e do post pela sua escolha, que valoriza o Oeste e comprova o que se passa de facto nesta linha. Aproveito a oportunidade para lamentar que, em situações pessoais, já tenha sido confrontado com a mesma atitude "propositadamente afastadora" do uso da linha pelos próprios funcionários da CP. Da próxima vez que tal acontecer claramente irei apontar o nome da pessoa em causa e registar a situação após uma breve conversinha...
ResponderEliminar