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23 maio 2013

A outra metade da laranja


Os putos que vivem nos bairros da Avenida de Ceuta, e que estudam na Manuel Damaia, sobem a encosta, onde antes era o Casal Ventoso, e entram em Campo de Ourique pela Meia-Laranja. Lá no alto, miúdos com berlindes e saquetas de cromos na algibeira passam todos os dias por junkies a apertarem o garrote e a empurrarem o êmbolo da agulha romba. Pelo chão, estão espalhados restos de kits de redução de riscos que ali são deixados: embalagens de seringas, tampas do sumo de limão, preservativos, num cenário que em tudo faz lembrar uma capa de um disco de Mão Morta. Infância é sempre infância, mas é importante nunca nos esquecermos da outra metade da laranja.




 

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